terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O TRATADO NA GRAND PLACE

harem






Foi em Bruxelas,uma encruzilhada de auto-estradas sem portagens

centro político de uma europa unida nos bastidores e capital cinzenta

de um país com as mesmas depressões,que abrigado da brisa gelada

e da chuva permanente,no histórico café Roy d'Espanhe.bebericando

uma cerveja Vieux Temps aloirada,fumava eu um cigarro e olhava

pela generosa vidraça,quando de súbito me surpreendi.

Não sei bem explicar o prazer que tenho quando olho como uma

grande ocular e me deixo surpreender para só então me fixar

nos pormenores.

É como viajar antes de partir e só depois concluir que valeu mais

a viagem do sonho e a partida que a chegada ao destino.

Tal e qual.Fui uma vez mais surpreendido.A Grand Place estava

a crepitar.

Era evidente a esplendorosa cabeleira de lume que bailava

em madeixas ao ritmo do jaze na aparelhagem do café.

Incrível a Grand Place a arder,perto da Bolsa de Valores e as pessoas

na rua,indiferentes - a tinir de frio.

Até me pareceu que o Tratado de Lisboa estava a ser imulado.

Mais concentrado verifiquei ser tão só o reflexo da lareira

que me aquecia as costas,a projetar-se inocente na vidraça.

Afaguei a barba.Pedi mais uma cerveja e sorri.




8 comentários:

São disse...

Pois, a ilusão também pode ser óptica...AH!AH!
Bom 2008!

Maria P. disse...

De mestre escrever assim - O Tratado de Lisboa.

Abraço.

teresamaremar disse...

Quando olhar viaja.. descobre, inventa. Não que seja enganador, mas disponível para a partida, sendo que pouco importa a chegada.

:) sorrio das encruzilhadas... corpos de Ingres, autoestradas de Bruxelas, loucas labaredas.

Bom ano!

jrd disse...

Ali perto, o Manneken Pis, o puto que já tem muitos anos, vai eliminando (mijando) para cima dos eurocratas e tratadistas que passam,a "Delirium Tremens" bebida na véspera. É assim há muito tempo.

Sérgio Ribeiro disse...

Lembraste-me, bem lembrado, coisas, momentos, passagens da vida.
Trocava a (ou o) Vieux Temps por uma Leffe Brune ou uma Mort Subite, e ia ver o Manneken Pisse pissar. Sobre o tal Tratado...
E ia, também, ao Falstaft. E. E. E.
Melhor que isso tudo, que bom é, é um passeio por África. Sem ares condicionados, (só) alguns mosquitos, r um outro "tempo" para viver.
Um abraço

vermella disse...

De seguro que esos momentos de abstracción son os que fan que escribas así de ben,o calor e os reflexos das lareiras fan ver todo cunha óptica máis bonita ca realidade.
beijo e bom 2008.

un dress disse...

:) sor RI...

Mateso disse...

Pena que os sonhos... sejam apenas sonhos.
Bj.